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Artigos

O Processo de Fenação

(Embrapa Gado de Leite)

A fenação é o processo de conservação de forragens através da desidratação parcial da planta forrageira. O processo de desidratação retira água disponível à ação deletéria de microrganismos, fazendo com que o produto final se conserve por longo tempo. Sabendo-se que a perda de água, mesmo em condições ambientais constantes não é uniforme, o período de secagem pode ser dividido em duas ou três fases, as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência à desidratação (MacDonald e Clark, 1987).

 

Na primeira fase, há rápida desidratação da forragem logo após o corte, reduzindo a umidade de 80 – 85% para teores ao redor de 65 – 60%. Nessa fase, a principal perda de água é por transpiração.

Na segunda fase, ocorre o fechamento dos estômatos, e a perda de água ocorre por difusão celular através da epiderme e cutícula. Nessa fase, a umidade é reduzida de teores próximos a 60% para teores ao redor de 30%.

Já na terceira fase, a perda de umidade se dá através de plasmólise, onde ocorre redução na umidade de 30% para 10 a 15%

(Harris e Tullberg, 1980; Lavezzo e Andrade, 1994).

Para produzir feno de boa qualidade, deve-se utilizar plantas com alto valor nutritivo e características adequadas para fenação. Uma das principais características da planta adequada para fenar é a facilidade de desidratação. Isto está relacionado a fatores intrínsecos da planta (espessura da cutícula, diâmetro e comprimento do colmo, relação lâmina/caule, etc.) e a fatores climáticos e de manejo. Os cultivares do gêneroCynodon (Poaceae) apresentam estas características, além da sua facilidade de cultivo, alta produção de forragem (20 a 25 t MS/ha/ano), bom teor protéico (11 a 13% de PB) e boa relação lâmina/caule (L/C).

Capim Coast-cross

O Coast Cross é uma forrageira perene, subtropical, híbrida, desenvolvida na Geórgia, EUA, pelo cruzamento entre espécies de Cynodon (grama-bermuda). É resistente ao frio, tolerando bem geadas.

 

Apresenta bom valor nutritivo (teor protéico: 12 a 13%), alta produção (20 a 30 t/ha/ano de matéria-seca) e alto nível de digestibilidade (60 a 70%).

Apesar de ser americano, suporta bem o clima brasileiro. Sua plantação requer solo fértil e é um dos mais indicados à alimentação dos equídeos. Possui alto valor protéico, recomendado para alimentar vacas em lactação. Pode ser usada na forma verde picado, feno ou pastejo.

Desenvolve-se bem em solos férteis, profundos, em áreas não sujeitas a encharcamentos contínuos.
 

Fenação:

Por apresentar alta relação folha/haste e responder vigorosamente à adubação, constitui-se em excelente opção para

fenação. Comparado com o Capim-de-rhodes, o Coast Cross apresenta vantagens, pois, além de ser mais macio, produzindo

bom feno, o seu hábito prostrado e estolonífero lhe assegura maior persistência, podendo ser utilizado em pastejo por bovinos e eqüinos.

Capim Tifton-85

O Feno Tifton-85 é uma gramínea do gênero Cynodon spp, híbrido estéril resultante do cruzamento da Tifton-68 com a espécie Bermuda Grass da África do Sul (PI 290884), que é considerada a melhor do mundo existente no gênero.

 

Esta gramínea é também perene estolonífera, com grande massa folhear e rizomas grossos, que são os caules subterrâneos que mantêm as reservas de carboidratos e nutrientes que proporcionam a sua incrível resistência a secas, geadas, fogos e pastejos intensivos.

Desenvolvida pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América do Norte em cooperação com a Universidade da Geórgia, estação experimental de Tifton, pela equipe do professor Dr. Burton; registrada e liberada para plantio em 31/10/92. lntroduzida no BRASIL a partir de 1993, vem resistindo e se mantendo verde diante das geadas e secas prolongadas ocorridas a partir de 1994.

 

Fenação

 

Altamente indicada pela sua produção de massa verde, relação folhas/hastes, ótima palatabilidade, digestibilidade (60%), fibras e alto teor de proteína bruta (em torno de 16%), com cortes a serem realizados a cada quatro semanas no período das águas. Altamente recomendada para pecuária de leite, corte, criação de eqüinos, caprinos e ovinos.

Capim Bermuda para Fenação

(Pedreira et al. Cynodon spp. Anais do 18º Simpósio sobre Manejo de Pastagem/FEALQ. 2001.)

Os capins bermuda são amplamente utilizados na forma de feno tanto em regiões tropicais com em temperadas. Diversos experimentos têm sido conduzidos com a finalidade de determinar os efeitos da maturidade da planta e do cultivar sobre o consumo e a digestibilidade de matéria seca de fenos de gramíneas Cynodon (Hill et al., 1998).Os melhores fenos de gramíneas do gênero Cynodon são obtidos dos cultivares que têm mais folhas do que colmos, como “Florakirk”, “Tifton 85”, “Coastcross” e “Florona”. Independentemente do cultivar, o corte deve ser efetuado quando a planta alcançar o equilíbrio entre alto teor de nutrientes e elevada produção de matéria seca por unidade de área. Segundo VILELA (1998), isso ocorre, no Brasil Central, entre 25 a 28 dias no período da primavera/verão, e no outono/inverno com 42 a 63 dias, dependendo da região e da fertilização recebida pela planta forrageira.A “qualidade” do feno pode ser avaliada visualmente, examinando-se o estádio de maturação, a quantidade de folhas, a presença de material estranho, o odor e a presença de mofo. Os teores de proteína bruta (PB) e de fibra em detergente neutro (FDN) também fornecem indicações da qualidade do feno. A Embrapa Gado de Leite adota a classificação de feno nos tipos A, B e C, em função do teor de umidade, PB e FDN (vide tabela).

 

        Tabela. Classificação de feno em função da qualidade (Embrapa Gado de Leite).

As gramíneas do gênero Cynodon constituem uma excelente opção de alimento volumoso, quando submetido ao processo de fenação. Seu valor nutritivo e considerado satisfatório quando comparado a outros alimentos considerados de alta qualidade, como silagem de milho. O feno de Cynodon é utilizado por muitos pecuaristas na estação da seca, em função da oferta relativamente reduzida de volumoso.

Forrageiras X Fenação

(Victor, et al. Forrageiras para Eqüinos, IZ/SP, 2007.)

 

As pastagens sempre foram o alimento natural dos eqüinos, onde eles desenvolveram-se durante séculos. Eram formadas por diferentes espécies vegetais que serviam para uma dieta completa, escolhidas livremente pelos animais. Atualmente, com o avanço do conhecimento em nutrição, as pastagens continuam a ser fundamentais, mesmo na criação intensiva.

 

A pastagem de boa qualidade tem condições de suprir as necessidades nutritivas dos eqüinos, para as categorias menos exigentes, por exemplo, cavalos adultos em descanso, potros de ano e éguas na primeira fase da gestação. Quando os animais são submetidos a algum trabalho, a pastagem de boa qualidade permite que a alimentação tenha custos menores, uma vez que é menor o gasto com suplementação. Quando se fala em pastagem de boa qualidade, fala-se, especialmente, em manejo e fertilidade, além da escolha correta da espécie vegetal.

Tifton 85, lançado em 1992, foi desenvolvido por Glenn W. Burton, na Universidade da Geórgia. Essa forrageira é um híbrido entre uma introdução sul-africana e tifton 68, sendo considerado o melhor híbrido obtido no programa de melhoramento daquela universidade. O tifton 85 é uma gramínea de porte mais alto, apresenta colmos maiores, possui folhas mais largas e cor mais escura do que as outras bermudas híbridas. Traz, também, uma melhor relação folha–colmo do que o tifton 68, o que lhe confere melhor qualidade, sendo também indicado para fenação.

 

Jiggs, uma das mais recentes introduções no Brasil é grama bermuda, selecionada por um fazendeiro do leste do Texas, nos EUA. Suporta bem os períodos de estiagem e apresenta crescimento superior aos demais cultivares de grama bermuda durante esses períodos. É uma variedade que apresenta características interessantes para as condições climáticas brasileiras, com um alto potencial de adaptação. Nos últimos 50 anos, muito se fez pelo melhoramento de plantas e desenvolvimento de híbridos, com o objetivo de modificar as características agronômicas e qualitativas das gramas. Esses híbridos são referidos como linhagens melhoradas de bermuda comum, perenes e bem adaptados às condições de clima tropical e sub-tropical, mais produtivos, de melhor qualidade e mais tolerantes ao frio. Todos são estéreis e a propagação é vegetativa.

 

Coast Cross é uma forrageira perene, subtropical, híbrida, desenvolvida na Geórgia, EUA. É resistente ao frio, tolerando bem geadas. Apresenta bom valor nutritivo (teor protéico: 12 a 13%), alta produção (20 a 30 t/ha/ano de matéria-seca) e alto nível de digestibilidade (60 a 70%). Por apresentar alta relação folha/haste e responder vigorosamente à adubação, constitui-se em excelente opção para fenação. Comparada com o capim-de-rhodes, apresenta vantagens, pois, além de ser mais macia, produzindo bom feno, o seu hábito prostrado e estolonífero lhe assegura maior persistência, podendo ser utilizada em pastejo por bovinos e eqüinos.

A alfafa é uma leguminosa perene, originária da Ásia Menor e do Sul do Cáucaso, que apresenta grande variedade de ecotipos. Sua característica de adaptação a diferentes tipos de clima e solo fez com que se tornasse conhecida e cultivada em quase todas as regiões agrícolas do mundo. A alfafa é muito nutritiva, apresentando importantes qualidades como forrageira em teores de proteína bruta, cálcio , fósforo e NDT, níveis muito superiores aos de outras fontes de alimentos habitualmente utilizados, embora a degradabilidade de sua proteína, no processo de digestão pelo animal, ocorra em velocidade muito inferior àquela da proteína de gramíneas.

 

A alfafa, apesar de ser uma planta típica de clima temperado, apresenta capacidade de adaptação a grande variedade de climas e altitudes, podendo ser cultivada tanto ao nível do mar, quanto em altitudes elevadas. No Brasil, em regiões de alto potencial para o cultivo da alfafa, como a Sudeste, temperaturas altas reduzem o período entre cortes, o que pode justificar o decréscimo de produtividade que se observa no verão. Dos fatores que mais interferem na adaptação da alfafa às condições brasileiras, o solo é o mais importante. Este deve ter estrutura média (areno-argiloso), ser profundo, sem camada de impedimento (compactação), ter boa permeabilidade, ser bem drenado, com lençol freático situado a mais de 2 metros de profundidade em razão do vasto sistema radicular da planta (fusiforme e penetrante), e de preferência ser fértil e ter pH neutro. Áreas cujo solo não preencha esses requisitos terão custos de produção elevados, sendo o processo de escolha da área para exploração da cultura um dos aspectos mais importantes para o produto.

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